Trabalho, vida e recomeços
- Larissa Cardoso
- 22 de mar.
- 2 min de leitura
Trabalho não é tudo. Mas ocupa boa parte dos nossos dias, pelo menos cinco vezes por semana.
É por isso que, muitas vezes, é tão fácil confundi-lo com a nossa identidade. Fazemos o que amamos, buscamos excelência e nos dedicamos. Mas, ainda assim, o trabalho não define quem somos.
Se encararmos nossa carreira como um reflexo direto de nossa essência, qualquer contratempo pode parecer um fracasso pessoal. Quando algo dá errado, a sensação de afundar junto com os desafios profissionais é inevitável.
No entanto, precisamos lembrar: não conseguir uma promoção, não alcançar uma meta ou até mesmo ser desligado não define o nosso valor. São apenas partes da trajetória. E, como em qualquer jornada, às vezes é necessário parar, refletir e recomeçar.
A palavra que escolhi para guiar meu ano foi RECOMEÇAR.
Em 2024, precisei pausar projetos pessoais, adiar planos e enfrentar desafios inesperados. Paralelamente, passei a liderar uma equipe de recrutamento e seleção Latam em uma multinacional de tecnologia, com a meta ambiciosa de fechar 100 vagas em três meses no Brasil, além de continuar atuando como HRBP na mesma empresa.
Ao mesmo tempo, enfrentava uma situação delicada na vida pessoal: nossa cachorrinha Meg, companheira por 17 anos, lutava contra um câncer. Para estar mais presente, decidi deixar meu apartamento recém-comprado e mobiliado — um sonho de anos — e voltei para a casa do meu pai. Lá, conciliei os cuidados intensivos com ela e as demandas do trabalho. Foi um período de noites mal dormidas, marcado por incertezas e emoções profundas.
Foi em julho, reconhecendo meus limites, que tomei uma decisão importante: pedi ajuda. A Edilsa, uma pessoa generosa e experiente, assumiu o cuidado da Meg durante a tarde, permitindo que eu pudesse focar no trabalho sem culpa. Com o apoio dela, consegui me concentrar de maneira efetiva no trabalho, e minha equipe atingiu 86% da meta.
Em novembro, me despedi da Meg. O luto continua presente, mas também me trouxe aprendizados valiosos. Aprendi que pedir ajuda não é fraqueza; é sabedoria. Que priorizar o próprio bem-estar não significa negligenciar responsabilidades, mas sim encontrar equilíbrio.
A vida adulta é um constante jogo de escolhas e renúncias. Às vezes, temos dinheiro, mas não tempo. Outras vezes, temos tempo, mas não disponibilidade emocional. E nessas tempestades, aprendemos a navegar.
Alguns meses depois, ainda estou aqui. Mantive meu trabalho, retomei meus projetos, voltei para o meu apartamento. E, mais do que isso, sigo acreditando na minha capacidade de recomeçar. Porque nossa essência não é definida pelos desafios que enfrentamos, mas pela força com que seguimos em frente.
Recomeçar não é fraqueza. É coragem.
Então, se você se encontrar em meio a uma tempestade, lembre-se: seu valor não está em conquistas ou títulos. Ele reside na sua resiliência e na capacidade de se reinventar.
Você não é o que te aconteceu. Você é quem escolhe ser a cada novo dia.
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