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O Jardim & os Ciclos

Tenho um carinho especial por este texto. Foi escrito há um ano atrás, quando eu ainda morava na casa que eu cresci, com o meu pai. Apesar de um pouco antigo, continua novo para mim.


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Isso não é uma analogia, mas poderia ser. Ultimamente tenho dado mais atenção ao jardim da minha casa. Para ser honesta, pela primeira vez, tenho cuidado dele.


O quintal da minha casa tem diversas plantas, que o meu pai cultiva como forma de hobby. Por achar que este era um universo somente dele, nunca parei para tocar naquelas plantas, ainda mais porque visualmente elas até me assustavam um pouco.


Segundo o livro “Mulheres que correm com os lobos” (Pinkola, 1992), cuidar de um jardim é como uma extensão para cuidar de si mesma. Em resumo, é no jardim que acompanhamos todas os elementos de uma jornada: tem erros, acertos, morte e vida, além do ciclo se repetir de novo e de novo.

E assim me lembrei do jardim nos fundos da minha casa. O quão simbólico isso pode ser, não é mesmo?

Percebi que aquele jardim estava com uma estética desagradável porque faltava um toque feminino ali, um cuidado especial. Faltava organização, faltava desapegar do que não servia mais, limpar e movimentar. Em poucos dias, aquelas plantas já tinham uma aparência mais até mais feliz.


Pensei comigo: será que elas ficaram mais felizes com a minha ajuda e interesse pela vida delas? Elas eu não sei, mas eu, com certeza, sim. A minha vida se tornara mais leve ao passo que cuidava do jardim. De quebra, me aproximei mais do meu pai: nossa, como ele ficou alegre ao me ver interessada por um hobby dele!


Já o quintal, ficou mais espaçoso e agradável. Algumas plantas mudaram de lugar e até se abriram mais, sem a culpa de invadir algo ou a sensação de estarem apertadas demais.


E não é que é assim mesmo? Venho percebendo que quando a gente cuida de si e se sente cuidado pelo outro, aos poucos nos abrimos mais para a vida e para os relacionamentos. Nos apossamos de um espaço só nosso, sem precisar invadir o de ninguém ou nos sentirmos inadequados ou apertados por estarmos ali.


São muitas as reflexões que aparecem quando cuido das plantas ou quando penso nelas. A última que tive, foi antes de escrever este texto. Estava tomando um chá de boldo (cultivado na horta do quintal), para melhorar a minha cólica. Foi quando pensei: e não é que o jardim cuida de mim também?








 
 
 

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